Acontece que todo aquele que nega a existência de um plano maior, ou mesmo aquele que só crê no imaterial, fecham sua mente e compreensão para possibilidades e realidades sobremaneira importantes, acorrentando o infinito à simples compreensão empírica, ou fechando as janelas da alma para o divino, pelo simples fato de sê-lo muitas vezes inexplicável e imensurável.
Muito se diz sobre o equilíbrio entre dois pontos, sobre o perigo dos extremos, tanto para o solipsismo puro quanto para o imanentismo totalitário. O que é de se surpreender é que tantos deixem essa sensata posição de lado na hora de abraçar inteiramente a religião ou a ciência. Mas não é isso que acontece em algumas das mentes mais brilhantes que por esta terra caminharam. Cada dia mais me soa razoável que a sinergia entre os dois campos é a melhor forma para evitar o disperdício da entropia intelectual.
É nesse sentido que transcrevo aqui uma parte do livro "Einstein - O Enigma do Universo", escrito pelo filósofo e educado brasileiro Humberto Rohden, que teve o privilégio de conviver com o gênio alemão e ter abordado em sua obra um dos aspectos mais misteriosos da personalidade de Einstein: a intuição cósmica e os processos heurísticos usados pelo cientista para descobrir as leis fundamentais do Universo. Aqui vemos um ser humano fantástico, que vai muito além do renomado e brilhante cientista que o mundo conhece em diversas proporções, mas um ser humano com consciência espiritual, que apesar de ser considerado ateu por muitos teólogos, demonstra uma incomum sensibilidade e consciência criadora:
"Inúmeras vezes foi Einstein solicitado por pessoas de todas as classes para dar uma síntese compreensiva do que ele entendia por Relatividade - e nenhuma vez Einstein explicou a ninguém o que era Relatividade.
O que ele afirma sempre de novo em seus livros e em cartas é que a Relatividade não é objeto de análise intelectual, e sim intuição cósmica - e sobre intuição, ninguém pode falar sem entrar em conflito consigo mesmo. Paulo de Tarso diria que a intuição são os árreta rémata, os "ditos indizíveis".
Assim, como o místico, que sabe o que é Deus, não pode falar de Deus, do mesmo modo o matemático, que sabe o que é Realidade, não pode falar sobre Realidade aos que só pensam e falam em termos de relatividade.
A Realidade é o Absoluto - o Abstrato - e falar só se pode de facticidades relativas concretas. As facticidades relativas existem - mas a Relatividade absoluta é. O Ser não é objeto dos sentidos empíricos e do intelecto analítico.
A Realidade, quando pensada, é adulterada. Quando falada, é duas vezes adulterada. E, quando escrita, é três vezes adulterada.
Infelizmente, o homem tem de pensar, de falar, e até de escrever - que são males necessários.
A verdade genuína não pode ser pensada, falada, escrita - ela é eternamente silenciosa, anônima, amorfa, incolor.
Se Deus não fosse a verdade absoluta não seria ele o Eterno Silencioso, o Anônimo, o Amorfo, o Incolor.
Quanto mais o homem se aproxima de Deus, mais silencioso se torna, mais anônimo, mais amorfo, mais incolor.
Tudo que se pode pensar, que tem nome, forma e cor, pertence ao mundo dos relativos, mas não ao mundo do Absoluto.
Tudo o que é relativo é como um reflexo no espelho bidimensional de tempo e espaço. O Absoluto está fora de tempo e espaço, no Eterno e no Infinito.
O nosso ego-empírico só conhece as facticidades relativas no espelho ilusório de tempo e espaço - nada sobre a Realidade verdadeira.
O nosso Eu cósmico sabe da Realidade, e a saboreia - mas não a pode pensar nem dizer.
A Realidade é impensável e indizível.
O homem da silenciosa Realidade é o único homem realmente feliz. E, por vezes, é tão grande a sua felicidade que ele resolve pensar, falar e até escrever, porque toda a plenitude transborda irresistivelmente.
E esse transbordamento da plenitude beneficia os outros - suposto que esses tenham receptividade para receber algumas gotas daquela plenitude."
O que ele afirma sempre de novo em seus livros e em cartas é que a Relatividade não é objeto de análise intelectual, e sim intuição cósmica - e sobre intuição, ninguém pode falar sem entrar em conflito consigo mesmo. Paulo de Tarso diria que a intuição são os árreta rémata, os "ditos indizíveis".
Assim, como o místico, que sabe o que é Deus, não pode falar de Deus, do mesmo modo o matemático, que sabe o que é Realidade, não pode falar sobre Realidade aos que só pensam e falam em termos de relatividade.
A Realidade é o Absoluto - o Abstrato - e falar só se pode de facticidades relativas concretas. As facticidades relativas existem - mas a Relatividade absoluta é. O Ser não é objeto dos sentidos empíricos e do intelecto analítico.
A Realidade, quando pensada, é adulterada. Quando falada, é duas vezes adulterada. E, quando escrita, é três vezes adulterada.
Infelizmente, o homem tem de pensar, de falar, e até de escrever - que são males necessários.
A verdade genuína não pode ser pensada, falada, escrita - ela é eternamente silenciosa, anônima, amorfa, incolor.
Se Deus não fosse a verdade absoluta não seria ele o Eterno Silencioso, o Anônimo, o Amorfo, o Incolor.
Quanto mais o homem se aproxima de Deus, mais silencioso se torna, mais anônimo, mais amorfo, mais incolor.
Tudo que se pode pensar, que tem nome, forma e cor, pertence ao mundo dos relativos, mas não ao mundo do Absoluto.
Tudo o que é relativo é como um reflexo no espelho bidimensional de tempo e espaço. O Absoluto está fora de tempo e espaço, no Eterno e no Infinito.
O nosso ego-empírico só conhece as facticidades relativas no espelho ilusório de tempo e espaço - nada sobre a Realidade verdadeira.
O nosso Eu cósmico sabe da Realidade, e a saboreia - mas não a pode pensar nem dizer.
A Realidade é impensável e indizível.
O homem da silenciosa Realidade é o único homem realmente feliz. E, por vezes, é tão grande a sua felicidade que ele resolve pensar, falar e até escrever, porque toda a plenitude transborda irresistivelmente.
E esse transbordamento da plenitude beneficia os outros - suposto que esses tenham receptividade para receber algumas gotas daquela plenitude."
Nenhum comentário:
Postar um comentário