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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cães e gatos - por H. P. Lovecraft

Traduzido por Vinícius M.R de Carvalho e Victor Galdino


GATOS E CÃES
por H.P. Lovecraft
 


Tendo tomado conhecimento da briga entre cães e gatos que está para ocorrer em teu clube literário, não pude resistir ao ímpeto de contribuir com alguns uivos e sibilantes de minha parte na contenda, ainda que consciente que as palavras de um venerável ex-membro mal possam pesar contra o brilhantismo dos ainda ativos aderentes que venham a ladrar do outro lado. Ciente de minha inaptidão para o argumento, um correspondente que prezo supriu-me com os registros de uma controvérsia similar na Tribuna de Nova Iorque, onde o Sr. Carl van Doren toma o meu lado e o Sr. Albert Payson Terhune toma o da tribo dos cães. Destes eu esperava plagiar os dados que precissase; mas meu amigo, em sua sutileza genuinamente maquiavélica, proveu-me apenas com uma parte da seção sobre os felinos enquanto o relatório canino veio-me às mãos na íntegra. Sem dúvida ele imaginava que deste modo, considerada minha parcialidade, promoveria algo como uma justiça definitiva, mas para mim é excessivamente inconveniente, já que vai forçar-me a ser mais ou menos original nas considerações seguintes.
Entre cães e gatos meu grau de preferência é tão grande que nunca me ocorreria compará-los. Não possuo nenhuma antipatia especial contra os cães, como não possuo contra macacos, seres humanos, comerciantes, vacas, ovelhas ou pterodáctilos; mas pelo gato sempre cultivei um respeito e afeto particulares desde os meus primeiros dias de infância . Em sua elegância impecável e superior auto-suficiência vi um símbolo da beleza perfeita e da impessoalidade do próprio universo considerado objetivamente, e em seu ar de silencioso mistério reside para mim toda a maravilha e o fascínio do desconhecido. O cão apela à emoções simplistas e inferiores; o gato, às fontes mais profundas da imaginação e da percepção cósmica da mente humana. Não é coincidência que os contemplativos egípcios, além de espíritos poéticos como Poe, Gautier, Baudelaire e Swinburne , eram todos adoradores do ágil felino.
Naturalmente, a preferência de alguém por cães ou gatos depende completamente de seu temperamento e ponto de vista. Para mim o cão é o favorito dos indivíduos superficiais, sentimentais e emocionais - pessoas que sentem mais do pensam, que atribuem importância à humanidade e às convenções populares do vulgo, e que encontram o seu maior consolo na adulação e dependência mútua que dão forma à vida gregária. Tais pessoas vivem em um mundo limitado e imaginário; aceitando acriticamente os valores do folclore comum, e sempre preferindo ter suas crenças, sentimentos e preconceitos estimados, a desfrutar de um puro prazer filosófico e estético que surge do reconhecimento e contemplação da austera e absoluta beleza. Isto não é dizer que este caráter não reside, também, no amor aos felinos da elurofilia vulgar, apenas que nesta existe um fundamento de verdadeiro esteticismo que a cinofilia não possui. O verdadeiro amante de gatos é aquele que demanda ajustamentos ao universo mais claros do que a placidez da vida doméstica costuma prover; é aquele que recusa-se a engolir a noção sentimentalóide de que todas as pessoas boas amam os cães, as crianças e os cavalos enquanto as pessoas más desgostam e são desgostados por estes. O amante dos felinos não está disposto a declarar-se a si e a seus sentimentos simples como a medida de todos os valores, ou deixar que vãs noções éticas venham a distorcer o seu juízo. Em outras palavras, ele está mais disposto a admirar e respeitar do que exibir e mimar; e não é presa da falácia que diz que sociabilidade e empatia sem sentido, ou devoção escrava e obediência, constituem algo que deve ser intrinsicamente admirado ou exaltado. Os que amam os cães justificam-se nestas qualidades comuns, servis e plebéias, e julgam a inteligência de um animal de estimação pelo grau de conformidade deste com os seus desejos. Amantes de felinos escapam desta ilusão repudiando a idéia de que subserviência e capangagem demonstradas ao homem constituem algum mérito, os amantes de gatos sentem-se livres para prezar a independência aristocrática, o auto-respeito e a personalidade individual, unidas à elegância e beleza, tipificadas por este frio, ágil, cínico e auto-suficiente senhor dos telhados.
Pessoas de idéias rasas -- a classe média citadina desprovida de imaginação, satisfeita com a rotina e que subscreve o credo popular dos valores sentimentais -- serão sempre amantes de cães. Para eles nada será mais importante do que eles próprios e os seus sentimentos primitivos, e nunca deixarão de estimar e glorificar o animal que melhor tipifica estes. Tais pessoas estão submersas no vórtice do idealismo e subserviência orientais que arruinaram a civilização clássica na Idade das Trevas, e vivem em um mundo plano de valores sentimentais abstratos onde as suas insípidas ilusões de submissão, gentileza, irmandade e humildade são engrandecidas como virtudes, e filosofia e ética falsas são erigidas sobre as pequenas reações de músculos flexores. Esta herança, ironicamente impingida sobre nós quando a política romana elevou a fé de um povo em estilhaços à supremacia durante o império de Constantino, permaneceu como um punho firme a agarrar os fracos e sentimentalóides; e talvez tenha alcançado o seu platô no insípido século dezenove, onde as pessoas passaram a prezar os cães por "serem tão humanos" (como se a humanidade fosse algum padrão merecedor de mérito!), e o honesto Edwin Landseer (1) pintou centenas de Fidos jactantes e Rex e Totós com toda a trivialidade antropóide, mesquinha e "graciosa" dos vitorianos eminentes.
Mas dentre o caos da prostração intelectual e emocional alguns espíritos livres sempre apareceram para as antigas realidades civilizadas que o medievalismo eclipsou -- a clássica e inexorável lealdade à verdade, à força e à beleza presentearam com uma mente lúcida e um espírito insubmisso ao Ariano Ocidental confrontado com a majestade, o deleite e a impavidez da Natureza. Esta é a estética viril e a ética dos músculos extensores -- as bravas e resistentes crenças e preferências de orgulhosos, dominantes, invictos e corajosos conquistadores, caçadores e guerreiros -- e faz ela pouco uso das dissimulações e pusilanimidade dos gregários, dos pacifistas, covardes e sentimentalóides. Beleza e suficiência -- duas qualidades do próprio cósmos -- são os deuses deste tipo pagão que desconhece cadenas; para o adorador de tais coisas eternas a suprema virtude não pode ser encontrada na baixeza, na obediência, no apego e na pieguice. Este devoto buscará aquilo que melhor encarna o deleite das estrelas e dos mundos e das florestas e dos mares e dos sóis que se põem, e que melhor representa a indolente, assenhorada, acurada, auto-suficiente, cruel, independente, altiva e caprichosa impessoalidade daquela que tudo governa, a Natureza. Beleza -- calma -- indolência -- repouso filosófico -- auto-suficiência -- mestria indomada -- onde mais podemos encontrar estas coisas encarnadas e mesmo metade da perfeição e completude que marcam o seu aparecimento no incomparáve e suavemente furtivo gato, que perfaz a sua misteriosa órbita com a incansável certeza de um planeta em meio ao infinito?
Que o cão é caro aos das classes camponesa e média desprovidos de imaginação enquanto o gato apela ao sensível poeta-aristocrata-filósofo ficará claro no momento em que refletirmos sobre a questão da associação biológica. A plebe prática julga uma coisa pelo seu tato, sabor e cheiro imediatos; enquanto tipos mais delicados formam suas estimativas pela associação de imagens e idéias que o objeto evoca às suas mentes. Quando se trata de cães e gatos, o peão insensível vê apenas dois animais diante de si, fundamentando sua preferência na capacidade relativa de cada um deles em suprir as suas pobres e uniformes idéias sobre a ética, a amizade e a subserviência. Entretanto, o gentleman e o pensador vêem cada um em suas filiações naturais e não podem deixar de perceber que nas grandes simetrias da vida orgânica os cães encaixam-se junto aos mal-arranjados lobos, raposas, chacais, coiotes, dingos e hienas; enquanto os gatos ladeiam os senhores da selva em suas marchas, o orgulhoso leão, o sinuoso guepardo, o magnífico tigre e a formosa pantera. Cães são os hieróglifos da emoção cega, inferioridade, apego servil e gregaridade -- atributos de homens medianos, estupidamente passionais e subdesenvolvidos em suas capacidades intelectuais e imaginativas. Gatos são as runas da beleza, invencibilidade, maravilhamento, orgulho, liberdade, frieza, auto-suficiência e refinada individualidade -- qualidades de homens sensíveis, esclarecidos, mentalmente cultivados, pagãos, cínicos, poéticos, filosóficos, desapegados, reservados, independentes, nietzscheanos, indomados, civilizados e nobres. O cão é um camponês e o gato é um cavalheiro.
Podemos julgar o tom e as preferências de uma civilização pelas suas atitudes em relação aos cães e aos gatos. O orgulhoso Egito, onde o Faraó era Faraó e as pirâmides erguiam-se belas conforme o desejo daquele que as concebeu, curvava-se ao gato, e templos eram erguidos à sua deusa em Bubaste. Na Roma imperial o gracioso leopardo adornava as melhores casas, sentado no átrio, sua beleza insolente e sua coleira e cadenas douradas; ainda, após a era dos Antoninos o gato foi importado do Egito e celebrado como raro e custoso luxo. Assim foram os povos dominantes e esclarecidos. Quando, porém, olhamos para a prostrada Idade Média com as suas superstições e êxtases e pietismo e ladainhas acerca dos santos e suas relíquias encontramos pouca consideração às feições calmas e impessoais dos felinos; e observamos um triste espetáculo de ódio e crueldade contra a bela criaturinha cujas virtudes foram o suficiente para que sofresse entre os peões ignorantes que ressentiam sua orgulhosa frieza e temiam sua críptica e elusiva independência como algo similar aos poderes tenebrosos da bruxaria. Estes rudes escravos do misticismo oriental não podiam tolerar o que não servia às suas próprias emoções fáceis nem aos seus tacanhos propósitos. Queriam um cão para babar, caçar e realizar tarefas servis e não encontravam alimento espiritual no regalo felino que é a beleza desinteressada. Podemos imaginar como devem ter ressentido o felino: seu magnificente repouso, tranquilidade e desdém para com as triviais preocupações e intenções humanas. Jogue um pau, o cão servil baba, transpira e tropeça para devolvê-lo. Faça o mesmo perante um gato, e ele o olhará com polidez e com um entretido aborrecimento. Assim como pessoas inferiores preferem o animal inferior que corre excitado quando outrem precisa d'algo, também as pessoas superiores respeitam o animal superior que vive sua própria vida e sabe que as pueris brincadeiras de pega-e-traz dos estranhos bípedes não lhe dizem respeito nem são dignos de sua atenção. O cão late, implora e cai quando bates o látego. Isto é prazeroso ao camponês que ama a submissão e deseja sempre um estímulo à sua auto-importância. O gato, entretanto, convence-te a brincar em seu benefício quando quer entreter-se; fazendo-te correr pela sala com um naco de papel na ponta de um barbante quando quer exercitar-se mas recusando todas as tentativas de fazê-lo brincar quando não disposto do humor. Isto é personalidade, individualidade e auto-respeito -- a calma mestria de um ser cuja vida é dele e não sua -- e o indivíduo superior reconhece e aprecia isto pois é ele também um espírito livre cuja posição está assegurada, cuja única lei é sua própria herança e senso estético. Tudo considerado, vemos que o cão apela à essas almas primitivas e emocionais cujas principais demandas ao universo são afeição sem sentido, compaixão inútil e aduladora subserviência; enquanto o gato reina entre aqueles espíritos mais contemplativos e visionários que pedem do universo tão-somente a visão objetiva de tocante, etérea beleza e o simbolismo vivo da imperturbada, persistente, repousada e impessoal ordem e suficiência da Natureza. O cão dá, o gato é.
Pessoas simplórias sempre sobrestimam o elemento ético na vida, e é bastante natural que façam o mesmo em relação aos animais domésticos. Com efeito, ouvimos muitos ditos vazios a favor dos cães fundamentados em que estes são leais, enquanto os gatos seriam traiçoeiros. O que é que isto realmente significa? Onde estão os pontos de referência? Certamento o cão possui tão pouca imaginação ou individualidade que suas motivações são sempre as do seu dono; mas qual intelecto sofisticado detectaria uma virtude nesta estúpida abnegação dos seus direitos inatos? O discernimento certamente deve entregar os louros ao gato, cuja dignidade natural é grande o suficiente para rejeitar qualquer configuração de coisas que não a sua própria e que, consequentemente, não se importa ao mínimo com o que qualquer tolo pensa, deseja ou espera dele. O gato não é traiçoeiro, pois nunca reconheceu aliança de qualquer espécie com outra coisa que não os seus indolentes desejos; e traição implica basicamente em uma quebra de laços explicitamente reconhecidos. O gato é um realista, não um hipócrita. Ele toma o que o agrada quando quer e não faz promessas. Nunca faz-te esperar mais do que ele pode dar, e se escolheres ser um estúpido vitoriano e confundir o seu ronronar e roçar auto- satisfatórios por marcas de um afecto transitivo, a culpa não será dele. Nunca, nem por um momento, fará com que acredites que ele espera alguma outra coisa de tua parte que não comida, abrigo, afeição e entretenimento -- e ele está plenamente justificado em criticar o teu desenvolvimento imaginativo e estético se falhares em considerar sua graça, beleza e influência decorativa como um pagamento mais do que devido por tudo o que lhe dás. Os elurófilos não precisam surpreender-se perante a cinofilia de outrem -- com efeito, ele mesmo pode possuir esta cinofilia; pois os cães são mor das vezes muito atraentes, e tão amáveis quanto um antigo e leal servo o é perante os olhos de seu senhor, de uma maneira condescendente -- mas ele não pode deixar de estarrecer-se com aqueles que não compartilham de seu amor pelos felinos. O gato é um símbolo tão perfeito de beleza e superioridade que é raramente possível que um verdadeiro esteta e cínico civilizado faça outra coisa que não adorá-lo.
Nós nos declaramos o "dono" de um cão -- mas quem teria a audácia de declarar-se o "dono" de um gato? Nós possuímos um cão -- ele esté conosco como escravo e inferior pois é isso o que desejamos que seja. Porém nós entretemos um gato -- ele adorna nosso coração como um convidado, colega de quarto e um igual pois é ele quem deseja estar ali. Não há vantagem em ser o dono cegamente idolatrado de um cão cujo instinto é o de idolatrar, mas é uma enorme distinção e tributo ser escolhido como amigo e confidente de um felino filosófico que é ele próprio o seu senhor e que poderia escolher outra companhia se a encontrasse mais aceitável e interessante. Um traço, creio, desta verdade acerca da maior dignidade do gato passou para o folclore no uso dos nomes "gato" e "cão" como termos de opróbrio. Enquanto "gato" nunca foi aplicado a nenhum tipo de ofensa mais grave do que a fofoca e comentários femininos um tanto maliciosos, manhosos e inócuos, as palavras "cão" e "vira-lata”sempre foram ligadas à vileza, desonra e degradação do pior tipo (2). Na cristalização desta nomenclatura houve sem dúvida na cabeça popular uma vaga e semi-consciente percepção de que há níveis muito baixos de cobardia, adulação e servidão ignóbil aos quais nenhum parente do leão e do leopardo poderia descender. O gato pode ser menosprezado, mas está sempre insubmisso. Ele é, como os Nórdicos dentre os homens, um daqueles que ou governam suas próprias vidas ou perecem.
Apenas uma olhadela analítica é o suficiente para percebermos as vantagens do gato aumentarem. Beleza, provavelmente a única coisa significativa em todo o universo, deve ser nosso principal critério; e aqui o gato triunfa de tal forma que devemos abandonar quaisquer comparações. Alguns cães, sem dúvida, têm beleza em amplo grau; mas mesmo o ponto mais alto da beleza canina está muito aquém da que pertence à média dos felinos. O gato é clássico enquanto o cão é gótico -- em nenhum outro lugar da fauna podemos descobrir esta helênica perfeição na forma, e de anatomia funcional, do que nos felinos. O gato é um templo dórico -- uma colunada iônica -- da mais alta cepa clássica em suas harmonias decorativas e estruturais. E isto não só em seu estado estático, mas também cinético, pois a graça enfeitiçadora da mais breve moção felina não conta com paralelos na arte. O perfeito esteticismo do espreguiçar do bichano, do seu industrioso banho, do seu rolar brincalhão e dos pequenos movimentos involuntários durante o seu sono são algo tão sensível e vital quanto a poesia pastoral ou a pintura de gênero; enquanto a infalível precisão dos seus saltos, da sua corrida e da sua caça têm um valor artístico tão alto quanto, considerados de forma espirituosa; porém é a capacidade dos gatos para o simples ócio e descanso que faz deles tão proeminentes. O Sr. Charles de Vechten, em "Peter Whiffle", sustenta a indolência felina como um modelo de filosofia para a vida, e o Prof. William Lyon Phelps capturou o exato segredo da felinidade quando diz que o gato não apenas se deita mas "derrama o seu corpo sobre o chão como um copo d'água". Que outra criatura combinou o esteticismo da mecânica e da hidráulica? Contrastemos isso ao inepto ofegar, gemer, babar, escavar e, de maneira geral, com toda a torpeza da maioria dos cães com suas emoções gastas e falsas com seus movimentos falsos e supérfluos. 
E nos detalhes higiênicos o exigente gato também está imensuravelmente à frente. Sempre adoramos tocar num gato, mas só os insensíveis dão boas vindas ao desordenado e úmido farejar e patear de um empoeirado e, provavelmente, não inodoro cão, que salta e agita-se e tremula febril por nenhuma outra razão senão o fato de que os seus centros nervosos foram atingidos por estímulos sem sentido. Há um excesso cansativo de más maneiras nesta fúria canina -- pessoas de boa cepa, nós não o destratamos, e invariavelmente achamos o gato muito mais gentil e reservado em seus avanços, e delicado mesmo quando esfrega-se em nosso colo ronronando, ou salta impulsivamente à mesa em que estamos escrevendo para brincar com a caneta em patadas moduladas, ao mesmo tempo sérias e cômicas. Não me estranha que Maomé, o sheik de boas maneiras, tenha amado os gatos pela sua elegância e desprezado os cães por sua rudeza; ou que os gatos sejam favoritos nos países latinos mais polidos enquanto os cães tomam a dianteira na pesada, prática e cervejeira Europa Central. Veja um gato comer, e veja um cão. Aquele está sempre controlado por uma inerente e inescapável fineza, e dota de certa graça um dos mais deselegantes de todos os processos fisiológicos. O cão, por outro lado, é completamente repulsivo em sua bestial e insaciável ganância; assumindo a sua filiação com o lobo de maneira aberta e desavergonhada. Retornando à questão da beleza da linhagem -- não é significativo o fato de muitas crias normais de cães serem francamente admitidas como feias, enquanto não há felino saúdavel e bem desenvolvido, de qualquer espécie, que não possa ser considerado outra coisa que não belo? Há, é claro, muitos gatos feios; mas são sempre casos excepcionais de mestiçagem (3), má nutrição, deformação ou deficiência física. Não há raça saudável de gatos que pode ser pensada como menos do que graciosa -- contra o que contrastamos o espetáculo deprimente de buldogues achatados, dachshunds grotescamente alongados, terriers horrivelmente disformes, e outros. Claro, pode-se dizer que nenhum padrão estético é outra coisa senão relativo -- mas sempre trabalhamos com os nossos padrões habituais, e ao compararmos cães e gatos sob o padrão estético Europeu-Ocidental não há riscos de injustiça. Se uma tribo desconhecida do Tibet achar os terriers lindos e o gato persa feio, não argüiremos com eles em seu próprio território -- mas neste momento estamos lidando conosco e com o nosso terreno, e aqui não pode haver dúvidas, nem do mais ardente cinófilo, acerca do veredito. Alguns se desfazem do problema em um paradoxo epigramático, dizendo "Rex é tão comum, ele é lindo!". Este é o pendor infantil para o grotesco "bonitinho" que vemos corporificado nos desenhos, bonecos e em toda a disforme e inútil decoração do tipo "Krazy Kat" (4) que encontramos nos "lares" e "aconchegos" da plebe que passa por sofisticada.
No tocante à inteligência parece que os cinófilos têm argumentos interessantes -- interessantes pois eles medem de forma inocente o que pensam ser o intelecto de um animal pelo grau da sua subserviência à vontade humana. Um cão irá buscar, um gato não; portanto (sic!) o cão é mais inteligente. Cães podem receber um treinamento mais elaborado do que os felinos para o circo e os atos de vaudeville, portanto (Ó Zeus, Ó Montaria Real!) possuem o cérebro superior. Ora, é claro que isso é o mais puro disparate. Não consideraríamos um homem volúvel mais inteligente do que o cidadão independente porque podemos fazer o primeiro votar em quem mais nos apraz enquanto o outro escapa à nossa influência, mas é incontável o número de pessoas que utilizam um argumento paralelo ao avaliarem a diferenças de matéria cinzenta entre cães e gatos. Competição em servilismo é algo em que nenhum orgulhoso Tomás ou Mimi (5) ousaria participar, e está claro que qualquer estimativa real da inteligência felina e canina deve proceder de uma observação cuidadosa de cãos e gatos em estado natural -- sem qualquer influência humana -- enquanto formulam certos objetivos próprios e utilizam do seu equipamento mental para alcançá-los. Quando assim fazemos, enchemo-nos de respeito pelo nosso ronronante amigo que nos mostra muito pouco dos seus desejos e maneiras de proceder; pois em toda sua concepção e cálculo o gato demonstra uma fria e deliberada união de intelecto, vontade e senso de proporção que envergonha completamente a torpeza emocional e os truques de circo docilmente adquiridos pelo "esperto" e "leal" cão pastor. Veja um gato passar por uma porta, veja quão pacientemente espera sua oportunidade, nunca deixando de lado o seu propósito mesmo quando parece-lhe útil fingir outros interesses neste interim. Veja-o no ápice da caça, e compare sua paciência calculista e o seu cuidadoso estudo de terreno com o torpe mover-se e patear do seu rival canino. Não é comum que o gato volte de mão vazias. Ele sabe o que quer, e quer pegá-lo da melhor maneira possível, mesmo que tenha que sacrificar tempo -- tempo que, filosoficamente, reconhece como desimportante em um universo sem sentido. Não há como demovê-lo ou distrair sua atenção -- entre os homens nós chamamos isto de concentração, a habilidade de seguir o mesmo fio diante de complexas distraçoes, e consideramos como um sinal de vigor intelectual e maturidade. As crianças, os senectos, os camponeses e os cães devaneiam, gatos e filósofos vão direto ao ponto. No quesito adaptabilidade os gatos também são superiores. Os cães podem ser treinados para fazer alguma coisa, mas os psicólogos dizem que estas respostas automáticas a uma memória introjetada não servem como indicadores de inteligência. Para julgar o desenvolvimento abstrato de um cérebro, confronte-o com condições novas e pouco familiares e observe se este é capaz de atingir os seus objetivos com as próprias forças através de raciocínio, sem nenhum manuductio. Nestas condições os gatos elaboram silenciosamente uma dúzia de misteriosas e oportunas alternativas enquanto o pobre Fido está a latir desorientado, tentando atinar com o que se passa. É claro que Rufus apelará mais ao sentimentalismo popular entrando na casa em chamas e salvando o bebê de forma cinematrográfica, mas o fato de que o bigodudo e ronronante Mimi é um organismo biológico superior permanece -- algo fisiológica e psicologicamente mais próximo ao homem justamente pela sua autonomia diante do comando humano, e portanto intitulado a um maior grau de respeito por aqueles que julgam por padrões puramente filosóficos e estéticos. Podemos respeitar um gato e não um cão, não importa qual apele mais ao nosso sentimentalismo; e se procedermos como estetas e analistas e não como amantes do lugar-comum e sentimentalóides, a balança inevitavelmente decidirá a favor do felino.
Podemos dizer, ainda, que mesmo o distante e independente gato não deixa de possuir apelo sentimental. Assim que nos livrarmos da bárbara parcialidade ética -- o preconceito que o aponta como um "traidor" e "horrível devorador de passarinhos" -- encontramos no "inofensivo gato" o ápice do alegre simbolismo doméstico; e os pequenos gatinhos são objetos a serem adorados, idealizados e celebrados nos mais rapsódicos dos dáctilos e anapestos, iâmbicos e trocaicos . Eu, em minha senecta docilidade, confesso uma desrazonada e completamente irrefletida predileção por filhotes muito negros com grandes olhos amarelos, e é tão provável que eu passe por um sem acariciá-lo quanto o é Dr. Johnson passar por um poste em uma calçada sem acertá-lo (6). Há, também, em muitos gatos algo análogo àquele apego recíproco que é tão elogiado nos cães, seres humanos, cavalos e outros. Os gatos associam certas pessoas com atos que contribuem com o seu prazer, e adquirem um reconhecimento e apego que manifesta-se em doce excitação quando estas se fazem presentes -- tragam comida ou não -- e uma certa melancolia quando da sua ausência prolongada. Um gato com quem era afeiçoado chegou ao ponto de não aceitar comida de outra mão que não a minha, e que preferia passar fome a tocar a menor porção de comida nas mãos de um vizinho amigável. Ele também mantinha distintas relações com os outros gatos daquele lar idílico; oferecendo voluntariamente comida a um de seus amigos, mas defendendo selvagemente o seu prato dos relances do seu negro rival, "Bola-de-Neve". Se argumentarem que este apego felino é essencialmente composto de motivos "egoístas" e "práticos", deveremos retorquir inquirindo quantos apegos e afeições humanas, aparte aquelas que brotam diretamente do bruto instinto, possuem outro fundamento qualquer. Assim que a banca apresentar um grande zero como veredito final, estaremos mais preparados para evitar uma censura ingênua ao gato "egoísta".
A abundante vida interior do gato, sua independência superior, é renomada . Um cão é patético, dependente de companheirismo, e completamente perdido exceto quando em matilha ou ladeando o seu dono. Deixe-o sozinho e nada pode fazer exceto ladrar, uivar e deambular até que a exaustão obrigue-o a dormir. Um gato, entretanto, nunca deixa de estar potencialmente satisfeito. Como o homem superior, o gato sabe como ser sozinho e feliz. Uma vez notada a ausência de alguém que o distraia, o gato contenta-se em distrair a si; e ninguém pode dizer que conhece os gatos sem ter espionado o jovial filhote que acredita estar sozinho. Somente depois de ter olhado a graciosa brincadeira com o rabo e o ronronar espontâneo do animal pode alguém entender completamente o feitiço destas linhas que Coleridge escreveu em referência à cria humana e não felina -- página onze
...elfo lépido,
cantando, consigo dançando." (7)
Muitos tomos poderiam ser escritos sobre as brincadeiras dos gatos, já que as variedades e os aspectos estéticos de tais atividades são infinitos. Será suficiente fazer notar que nestes passatempos os gatos exibem traços e ações que psicólogos têm declarado serem motivadas por humor e capricho genuínos; de forma que fazer um gato sorrir talvez não seja tarefa tão impossível, mesmo fora do condado de Cheshire (8). Em suma, um cão é algo incompleto. Como o homem inferior, o cão precisa de estímulos emocionais do exterior, e de algo artifical que valha como um deus e motivo. O gato é perfeito em si. Como o filósofo, ele é uma entidade auto-suficiente, um microcosmo. O gato é um ser real e íntegro porque pensa-se e sente-se como um, enquanto o cão só pode conceber-se em relação à alguma outra coisa. O cão lambe a mão que o chicoteia -babão! Esta besta não concebe a si senão como parte inferior de um organismo do qual tu és a superior -- ela nunca pensaria em revidar, assim como não golpeamos nossas próprias cabeças quando sentimos cefaléia. Porém, fustigue um gato e veja-o recuar sibilando em dignidade e auto-respeito! Outro golpe, e ele revidará; pois é um cavalheiro e teu igual, e não aceitará que infrinjas sua personalidade e privilégios. Ele só está em tua casa pois assim deseja, ou mesmo como um favor condescendente para ti. É a casa, e não a ti, que ele preza; pois filósofos percebem que os seres humanos são, no máximo, pequenos apêndices do ambiente. Passe um pouco da linha e ele o deixará. Confundiste teu relacionamento com ele e pensaste ser o seu dono, e nenhum verdadeiro gato pode tolerar essa violação de etiqueta. A partir de então buscará companheiros de maior discriminação e perspectiva. Deixe os anêmicos que acreditam em "dar a outra face" consolarem-se com os cães -- para o pagão em cujas veias corre o sangue de crepúsculos nórdicos não há outro animal como o gato; intrépida montaria de Freya, que pode encarar a Thor e a Odin com grandes olhos de vivo verde ou amarelo.
Nestas observações acredito ter delineado bastante bem as diversas razões porque, na minha opinião e como põe o título do Sr. de Doren, "cavalheiros preferem gatos". A resposta do Sr. Terhune em uma edição subseqüente da Tribuna (9) parece-me supérflua; é menos uma refutação dos fatos do que a inclusão do seu autor naquela maioria "muito humana" de pessoas que tomam afeições e companheirismo como coisa sérias, desfrutam o sentimento de serem importantes para alguém, condenam um "parasita" fundamentados em idéias práticas sem atentar para o direito do que é belo existir por si mesmo, e, portanto, amam o mais nobre e fiel amigo do homem, o imortal cão. Suponho que o Sr.Terhune ame cavalos e crianças também, pois os três formam, convenientemente unidos, esse credo dos gostos essenciais de todo bom e amável homem que traja Arrow Collar (10) e é formado na escola de heróis de Harold Bell Wright (11), mesmo que o automóvel e Margaret Sanger (12) tenham contribuído muita na redução dos dois últimos itens (13).
Cães, portanto, são camponeses e animais de camponeses, gatos são cavalheiros e animais de cavalheiros. O cão é para aquele que prefere o sentimento cru, a ética inepta e o antropocentrismo à beleza austera e desinteressada; aquele que ama "o povo e o popular" e não censura a torpeza desde que algo se importe realmente com ele. (Retrato de um cão sobre o túmulo do dono - cf. Lanseer, "The Old Shepherd's Chief Mourner." (14) O cara que não é muito apegado às coisas eruditas, mas que é sempre honesto e num (sic) acha o Saddypost ou o N.Y World (15) muito profundos; que não gostava de Valentino, mas que pensa que Doug Fairbanks (16) é a pedida certa para uma noite entretida. Saudável -- prestativo -- não-mórbido -- cívico -- doméstico -- normal -- esse é o tipo que prefere os cães.
O gato é para o aristrocrata -- seja por berço ou inclinação ou ambas -- que admira os seus iguais. O gato é para o homem que aprecia a beleza como a única força viva em um universo cego e sem propósito, e que louva essa beleza em todas as suas formas desconsiderando as ilusões éticas e sentimentais do momento. Para o homem que sabe a insignificância do sentimento e o vazio das aspirações e objetos humanos, e que agarra-se somente ao que é real -- e a beleza é real pois ela apela a um significado para além da emoção que excita e é. Para o homem que sente-se suficiente no cosmos, e renega os escrúpulos do convencional preconceito, ama o repouso, a força, a liberdade, o luxo, a suficiência e a contemplação; para aquele que, como uma destemida alma, deseja algo para respeitar ao invés de algo que lamba-lhe o rosto e aceite sua alternância entre castigo e carinho; para aquele que busca um igual orgulhoso e belo na confraria dos individualistas ao invés do acovardado satélite na hierarquia do medo e da subserviência. O gato não é para o pragmático, arrogante trabalhadorzinho que tem uma tarefa a cumprir, mas para o poeta iluminado e sonhador que sabe que no mundo nada vale a pena ser feito. O diletante -- o connoisseur -- o decadente, em uma era melhor do que esta houve tarefas para estes homens, e então eram arquitetos e líderes daquele tempo pagão e glorioso. O gato é para aquele que age não por um dever vazio, mas por poder, prazer, esplendor, romance e glamour -- para o harpista que canta só, ao anoitecer das antigas batalhas, ou o guerreiro que as combate por beleza, glória, fama e esplendor de uma terra por onde nem mesmo a sombra da fraqueza repousa. Para aquele que não será hipnotizado pela caganifância da utilidade, aquele que demanda para o seu conforto a leveza, a beleza, a ascendência e o cultivo que fazem os esforços valerem a lágrima. Para o homem que sabe que o jogo, e não o trabalho, e o ócio, e não a pressa, são as grandes coisas da vida; e que o círculo de esforçar-se apenas para esforçar-se um pouco mais é uma ironia amarga que a alma civilizada aceita tão pouco quanto pode.
Beleza, suficiência, conforto e boas maneiras -- o que mais requer a civilização? Temos tudo isso no monarca divino que se reclina de maneira gloriosa e confortável em sua almofada sedosa defronte à lareira. Graça e júbilo para si próprio -- orgulho e harmonia e coordenação -- espírito, repouso e completude -- todas elas estão aqui, e necessitam apenas da desilusão para serem adoradas. Que alma seriamente civilizada serviria de outra forma que não como sacerdote de Bastet? O astro do gato, creio, está agora em seu ascendente, enquanto emergimos pouco a pouco dos sonhos éticos e de conformidade que enevoaram o século dezenove e elevaram o torpe cão ao topo do apreço sentimental. Se um renascimento do poder e da beleza haverá de restaurar nossa civilização ocidental, ou se as forças da desintegração já são poderosas demais para serem acorrentadas, ninguém pode dizer, mas no presente momento em que o cinismo desmascara o mundo entreo embusteiro século dezoito e o ominoso mistério das décadas vindouras temos ao menos o relance de um relâmpago da antiga perspectiva pagã e da sua antiga honestidade e clareza.
E o ídolo iluminado por este relâmpago, lobrigado justo e gracioso em seu trono encantado e adornado por seda e ouro sob uma cúpula criselefantina, é uma forma de graça perene nem sempre reconhecida entre os tateantes mortais -- o orgulhoso, o indomado, o misterioso, o luxuoso, o babilônico, o impessoal, o companheiro eterno da superioridade e da arte -- o tipo da beleza perfeita e o irmão da poesia -- o indolente, grave, conformado e patrício -- o gato.

NOTAS
(1) Edwin Henry Lanseer (1802 - 1873) era um pintor célebre por seus retratos de animais.
(2) O autor refere-se ao uso comum das palavras na língua inglesa. No caso do português o argumento de Lovecraft é parcialmente reforçado. Em particular, no português do Brasil, o termo "gato(a)" é usado popularmente em referência à beleza física de alguém. Os termos "cão" e "vira-lata", ainda no português do Brasil, são utilizados como opróbrio. Os dois possuem sentido muito similar ao descrito por Lovecraft. Assim, enquanto, na língua inglesa, para os termos "gato" e "cão" temos valorores, respectivamente, de opróbrio-opróbrio, no português os mesmos termos adquirem valores de encômio-opróbrio, tornando assim desnecessário o argumento atenuante do autor.
(3) No original, "mongrelism". No contexto refere-se ao fenômeno do cruzamento de raças diferentes do mesmo animal, os famosos vira-latas.
(4) Krazy Kat foi uma tira em quadrinhos publicada nos jornais norte-americanos entre 1913 e 1944 .
(5) Nomes comuns para gatos.
(6) Referência a Samuel Johnson (1709 - 1784) autor inglês que sofria de muitos problemas de saúde, dentre eles um caso sério de conjuntivite que quase chegou a cegá-lo.
(7) Versos do poema Christabel, de Samuel Taylor Coleridge
(8) Referência à expressão "he grins like a Cheshire cat" (ele sorri como um gato de Cheshire). Existem diversas lendas sobre sua origem; a mais conhecida parece ser a de que, no Condado de Cheshire, o queijo era moldado na forma do rosto de um gato sorridente. Uma outra versão sugere que os gatos de Cheshire viviam sorrindo devido à abundância de leite no condado, famoso pela produção de laticínios. A expressão se tornou bastante popular devido ao gato sorridente (chamado Cheshire Cat) do livro "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carrol.
(9) N.Y Tribune.
(10) O homem Arrow Collar ficou conhecido pela ilustração publicitária de J.C Leyendecker. O anúncio retratava um homem jovem, vestido para ocasião, com blusa social e colarinho. A imagem exibia o jovem americano do início do século XX como uma figura atlética, confiante e prática. O presidente Roosevelt referiu-se ao retrato como o tipo ideal do "homem comum".
(11) Literato best-seller norte-americano entre os anos 1902 - 1942 cujo nome caiu no esquecimento após a metade do século XX . Suas histórias têm fundo moral. Aos críticos dizia que sua tarefa não era a de realizar literatura, mas pregar ao homem comum.
(12) Margaret Higgins Sanger (1879 - 1966) foi uma ativista norte-americana. Advogava a causa do controle da natalidade e subscrevia um derivado da eugenia, chamado de eugenia negativa, cujo objetivo principal era a erradicação de doenças hereditárias e outras "desvantagens genéticas" através do controle racional da fertilidade.
(13) Isto é: os cavalos e as crianças.
(14) Cf. nota (1) acima.
(15) Jornais da época.
(16) Rudolph Valentino e Douglas Fairbanks eram famosos atores do cinema mudo à época. O primeiro morreu precocemente, causando histeria idólatra.
Eu sempre soube que Lovecraft adorava gatos, mas não tinha idéia do quanto...


Acho que dessa forma ele ficaria bastante feliz com a homenagem que fiz ao batizar o bichano aqui de casa com o nome dele. Esse é o Lovecraft.




 postado originalmente em: Mundo Tentacular











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