Followers

segunda-feira, 8 de março de 2010

O que fizeram com a rebeldia adolescente?

Esses dias li um texto num blog de um cara que aparentemente tem muitas ideias parecidas com as minhas... vou transcrever aqui o texto na íntegra (com o perdão dos palavrões, mas retirá-los levaria embora toda a essência da mensagem) e tecer algumas observações complementares em seguida:



Escolhi essa imagem pra ilustrar o texto pois lá vemos o símbolo do rock, da rebeldia jovem e da atitude, que hoje é providencialmente visto como do demônio, do mal, algo feio de se fazer... algo politicamente incorreto. Algo como uma maneira alternativa de transmitir a mensagem: calem-se jovens, rendam-se ao sistema.


"You, what do you own the world?
how do you own disorder, disorder
Now, somewhere between the sacred silence
Sacred silence and sleep
somewhere between the sacred silence and sleep
disorder, disorder, disorder!

Nossos adolescentes estão calados. Amordaçados dentro de uma realidade jamais vista. Controlados pelo que a tecnologia vende como libertação. Perdemos as vozes dos meninos e meninas, insuportáveis como só eles conseguiam ser. Deram lugar a uma massa compacta de desmiolados inertes, pedaços de poeira velha varridos de um lado para o outro sem reação.

O que fizeram com a rebeldia adolescente? Aquela que criava verdadeiros monstrinhos completamente impossíveis de lidar. Onde foi parar a voz esganiçada dos que se proclamavam sempre com razão? Dos que podiam ter todos os defeitos, mas lutavam com unhas e dentes por suas crenças. Aqueles que não se deixavam passar por cima, que não admitiam a derrota, que explodiam sem razão mas partiam pra cima do que consideravam errado. Onde foram parar? Como uma maioria virou minoria?

Está difícil enxergar futuro na adolescência que observo hoje, cada vez mais dominada, cada vez mais apática, acatando ordens insanas como se justas fossem, ouvindo músicas melosas que apenas falam sobre amores não correspondidos. Porra! Cadê o som das batidas que despertavam os olhares sangrentos contra tudo e todos? O adolescente precisa de sua irracionalidade, de seus saltos perdidos rumo a paredes sólidas onde estatelam as fuças contra o concreto, de que outra forma podem amadurecer se não errando?

A adolescência precisa de sua rebeldia insana, necessita de uma interação social que leve ao “ignorar de conselhos”, das más influências. É um processo longo de aprendizado, principalmente de vida, do tipo que nos faz olhar para trás e dar gargalhada das loucuras cometidas, mas com a consciência de que foi espetacular. Vejo hoje adolescentes aceitando seus pais como legítimos donos, baixando a cabeça para absurdos impostos. Não há revolta, não há interesse em xingar.

Os que hoje ouvem McFly, antes ouviam os berros enlouquecidos de Chester Bennington e Serj Tankian. Inspiravam-se em ir contra o sistema, mesmo sem saber o que isso significava. Observamos cada vez mais uma geração do “sim, senhor”, ao invés do “vai se fuder, você não sabe de nada”. O que já gerou movimentos como o Punk, hoje gera apenas movimentos como o Emo. O que antes eram berros e discussões pessoais, hoje transformou-se em papinhos de Messenger. O comodismo impera.

O que fizeram com a rebeldia adolescente? Queremos aqueles insuportáveis de volta. Quebrem tudo, lutem pelo que acreditam, levantem essas merdas dessas orelhas."

Postado originalmente no blog Controle Remoto, por Felipe Neto.



Não há como negar que infelizmente vivemos numa geração acomodada, numa geração onde os pais criam seus filhos numa redoma de vidro achando que qualidade de vida se constrói com protecionismo, dando tudo do bom e do melhor, fazendo o possível e o impossível pra livrar sua prole de todo e qualquer sofrimento ou dificuldade. O incentivo ao estudo e ao esforço, geralmente com o fulcro único no sucesso financeiro no futuro, constrói apenas pessoas gananciosas e incompletas. Dar amor, sim, claro... fundamental. Mas que força tem pra enfrentar o mundo alguém que tem dentro de si somente amor, mas não sabe lidar com dificuldades, perdas, sofrimento? Qual a profundidade da base trazida por lições que não nos arrancaram suor, lágrimas e sangue?

Querendo ou não, a vida hoje é como uma guerra, pois as pessoas são criadas pra serem as melhores, pra se destacarem, pra buscarem o seu lugar ao sol. Toda essa competitividade cria esse clima de campo de batalha, e é então que eu me pergunto: que valor tem no campo de batalha, soldados que foram criados a base de sucrilhos, colégios caros, roupas finas e mimos infinitos do papai e da mamãe?

Esse tipo de pessoa tem seu reflexo na adolescência e na juventude de hoje está escancarado nos estilos urbanos, variando de playboys e patricinhas com roupas, costumes, trejeitos, programas, e cérebros uniformes, a alternativos que beiram cada dia mais ao ridículo com essa onda de emocore e afins. Os que ainda possuem alguma atitude como metaleiros ou hippies são cada vez mais malvistos, tidos como rebeldes sem causa, ignorantes, sujos, etc... Mas seria bastante interessante espremer representantes dessas diversas tribos urbanas para ver até onde há profundidade no valor de seus pertences ou ideais e concretude em suas ideias.

Não querendo defender um nem outro, sou a favor do equilíbrio. De uma vida regrada, com esforço, trabalho e relacionamentos, mas com atitude, sem todo esse conformismo ridículo que transformou balançadores de cabeça, ideias e ideais do rock e do punk, em balançadores de bunda como os patetas do axé ou de corações amargurados como os cornos mansos do sertanejo.

Isso causa alguma espécie por exemplo ao ver governos fazerem palhaçada atrás de palhaçada com o dinheiro, a cara e a moral do país inteiro e tudo acaba em pizza (ou panetone)? Ou notícias de confronto entre estudantes ou civis contra policiais ao reinvindicar seus direitos ou manifestarem contra algum escândalo no alto escalão? O que vemos são famílias (aparentemente) felizes reunidas na mesa de jantar lamentando por tais atitudes rebeldes e agressivas. Afinal que dificuldade há em fazer de gato e sapato um país de sonhadores eternamente platônicos?

A verdade é que a juventude atual foi domesticada por uma nova política de pão e circo. Dificilmente você vê um jogo de copa do mundo ou um show de alguém que sequer pisou numa escola de música que não lotem hoje em dia... Das baladas às arenas esportivas, a juventude vê sua atitude sendo lavada pelo poder do espetáculo. O que vale hoje é esse mundo luminoso, colorido, incrível e belo, que cria zumbis tecnológicos escravos da aparência e de seu próprio ego. Já não existe nada, na cultura ou na natureza, que não tenha sido transformado e poluído segundo os meios e interesses da indústria moderna. O valor do ser humano foi porcamente reduzido ao tipo da roupa que veste, o tipo de lugar que frequenta ou ao tipo de gosto que tem... Ouse estar fora do padrão e veja sua vida se reduzir à marginalidade social. O que vale hoje é ter prestígio no conceito dos outros, ser bem relacionado, andar sempre na moda, frequentar bares e restaurantes caros, pegar um bronze na cobertura, enfim... uma vida boa, voltada para a realização de vontades, prazeres e desejos. Mas será mesmo só pra isso que estamos aqui? O hedonismo é a corrente e as algemas que amarram o potencial de crescimento e desenvolvimento da nova geração.

Nadar contra essa maré é tarefa para os mais fortes.

Mas tudo bem, afinal os que mais precisam nadar são exatamente os que não se deixaram domesticar pela vida de veludo e holofotes, possuindo assim bem mais força pra lutar e gritar do que os outros.

Acorde juventude moderna! O fato dos políticos adorarem proclamar que o futuro do país depende de nós ao pedir votos não garante belas páginas a serem escritas na história, de forma alguma.

Já passou da hora de sair do sofá, do computador, das acolchoadas cadeiras do cinema ou da espreguiçadeira reclinável do clube e buscar algo melhor, maior. Que seja o direito dos animais, o fim da exploração do trabalho infantil, o racismo, o especismo, o sexismo, o desmatamento, as baleias, combate à pornografia, pedofilia ao programa da Luciana Gimenez, o que for... Mas façam valer a energia e todo o potencial que nos foi dado. Soa como um desrespeito a Deus e ao esforço de quem deu a vida pra nos criar continuar nessa situação lamentável.


From the red sky of the east
To the sunset in the west
We have cheated death
And he has cheated us

But that was just a dream
And this is what it means
We are sleeping and we'll dream for evermore

And the fragment remains of our memories
And the shadows remain with our hands
Deep grey, came to mourn
All the colours of the dawn
Will this Journeyman's day be his last?

But the memory still remains
All the past years not so stange
Our winter times are like a silent shroud

And the heartbeat of the day
Drives the mist away
And winter's not the only dream around

In your life you may choose desolation
And the shadows you build with your hands
If you turn to the light
That is burning in the night
Then the Journeyman's day has begun

I know what I want
And I say what I want
And no one can take it away
I know what I want.
And I say what I want
And no one can take it away


Um comentário:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.