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quarta-feira, 17 de junho de 2009

E por falar em amor...




Bem sugestivo, não?
Na verdade esse é o título de um livro de poesias que tomei emprestado de meu pai alguns anos atrás... naquela época, confesso ter pegado o livro para ter inspiração para escrever para alguma paixão da adolescência... Mas a verdadeira compreensão do significado de uma palavra infelizmente tão banalizada viria anos depois.

Primeiro veio o conceito ramificado do amor, expresso pelas três definições clássicas da palavra amor vindas da mitologia grega: eros, philos e ágape. O primeiro, representado pelo amor passional, cálido, derivado dos relacionamentos entre homem e mulher, o segundo um amor fraternal, sentimental, como o que sentimos por nossos familiares, amigos bem próximos e um dia sentirei pelos meus filhos. E havia o amor ágape, o inexplicável amor incondicional, que desafia qualquer razão ou lógica humana.
Bom, verdade era que descobri, naquela época, que não havia eu provado todas as formas de amor.
O amor philos, sempre presente em abundância pelas amizades e familiares, que com sorte tive oportunidade de possuir ao meu lado em toda a minha vida até então; o amor eros, recém-despertado e ainda muito superficialmente conhecido, expresso nas paixonites despretenciosas da primeira parte da vida... mas jamais havia conhecido o amor ágape.

Foi numa bela noite estrelada, na beira de uma frondosa fogueira que tomei a decisão que me levou a conhecer esse amor. Desde então minha vida mudou completamente e em todos os aspectos.

Os resultados produzidos por esse simples ato de manifestação de vontade abriu portas que eu jamais imaginaria que existissem, no plano espiritual, e me trouxeram à compreensão questões que eu jamais conheceria por mim mesmo, por mais sábio, experiente e vivido que eu pudesse ser algum dia.

Essa primeira noção de compreensão do amor me ensinou que o amor se trata de uma escolha, mas essa compreensão ainda estava atrelada ao compêndio do sentimento. Eu havia sentido uma carga sobrenatural de amor dentro de mim, e desde então tenho aprendido a lidar com ele, nem sempre cedendo, mas dosando.

Essa compreensão veio a corroborar com algo que sempre gritou dentro de mim que era o ímpeto de ajudar ao próximo, mesmo que as vezes isso significasse alguma renúncia pra mim; não é de se espantar que meus textos vem adornados de imagens de seres fictícios que levam essa filosofia de vida até as últimas consequências, se tornando inevitavelmente exemplos ferrenhos de onde quero chegar com a minha existência.

Acontece que nos últimos dias toda essa compreensão veio por terra quando uma experiência sobrenatural precedeu um convite. Os memos olhos que outrora guiaram a minha alma, agora clareiam o espírito mostrando-me a outra face do amor, que bateu à minha porta como um raio que passeia por condutores transmitindo energia violentamente por onde quer que toquem. Minha consciência foi então banhada por um tipo de amor que não se dá, não se recebe, não se transmite, apenas se escolhe. É uma manifestação individual, instranferível e irrenunciável, tais quais os direitos reais sobre a propriedade elencados em nosso Código Civil.

Era o amor de atitude. Descobrira eu, graças a Deus (literalmente) que essa é a chave para a prática do amor ágape no plano humano, falho, mortal. De que outra forma poderíamos seguir a máxima de amar nossos inimigos? Exigir que em nosso peito brote um sentimento fraternal para que nos fere? De forma alguma, Deus sabe que isso seria exigir demais de meros humanos. É dessa forma que o exemplo nos foi dado por Jesus. Atitude, obras, escolha.

Através da escolha de praticar o amor ao invez de senti-lo, podemos experimentar e fazer com que experimentem esse amor ágape, que independente de ato contrapartido ou qualquer tipo de retribuição; e por incrível que pareça, acabo de ler algo que diz que essa é a forma mais racional que nos é dada de conhecer a Deus:

'Qualquer conhecimento de Deus por idéias ou conceitos, idéias adquiridas como na metafísica e na teologia especulativa, ou infusas como na profecia — qualquer conhecimento puramente intelectual de Deus que não seja a Visão beatífica, conquanto possa ser absolutamente verdadeiro, absolutamente certo, e constituir saber autêntico, e desejável sobre todos, permanece pois irremediavelmente deficiente, desproporcionado, por seu modo captar e significar, ao objeto conhecido e significado. É claro que se nos pode ser dado conhecer a Deus não ainda sicuti est, por sua essência e na visão, mas ao menos segundo a transcendência mesma de sua deidade, valendo-nos de um modo de conhecer que convém ao objeto conhecido, tal conhecimento não poderá ser obtido por via puramente intelectual. Transcender toda e qualquer maneira de conceber permanecendo no campo da inteligência e, por conseguinte, do conceito, é uma contradição de termos. Há que passar pelo amor. Só o amor, digo o amor sobrenatural, pode operar essa ultrapassagem. A inteligência não pode aqui em baixo transcender a todo e qualquer modo senão numa renúncia-ao-saber em que o Espírito de Deus, usando da conaturalidade da caridade, e dos efeitos produzidos na afecção pela união divina, comunica à alma uma experiência amorosa daquilo mesmo de que não se aproxima nem se pode aproximar nenhuma noção. “Então, desprendida do mundo sensível e do mundo intelectual, a alma entra na misteriosa obscuridade de uma santa ignorância, e, renunciando a todo e qualquer dado científico, perde-se n’Aquele que não pode ser visto nem apreendido; dada toda inteira a esse soberano objeto, sem pertencer a si mesma nem a outros; unida ao desconhecido pela mais nobre porção de si mesma, e em razão de sua renúncia à ciência; enfim, bebendo nesta ignorância absoluta um conhecimento que o entendimento não poderia alcançar.”' Jacques Maritain

(Distinguer pour Unir ou Les Degrés du Savoir, Paris, Desclée de Brouwer, 1946, 5.a edição, revista e aumentada, Capítulo Primeiro.)

...assim pude fechar aquele livro e voltar ao meu pequeno mundo acinzentado.







...show me kindness, show me beauty, show me youth.

but the love inside you has made me truth.










Deus e os olhos expressivos...

'Gather ye rosebuds while ye may, Old Time is still a-flying; And this same flower that smiles today. Tomorrow will be dying...'

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