*postado originalmente em 07/5/08
"Grande astro! Que seria da tua felicidade se te faltassem aqueles a quem iluminas?
Faz dez anos que te apresentas à minha caverna, e, sem mim, sem a minha águia e a minha
serpente, haver-te-ias cansado da tua luz e deste caminho.
Nós, porém, te aguardávamos todas as manhãs, tomávamos-te o supérfluo e bendizíamos-te.
Pois bem: já estou tão enfastiado da minha sabedoria, como a abelha quando acumula demasiado mel.
Necessito mãos que se estendam para mim. Quisera dar e repartir até que os sábios tornassem a gozar da sua loucura e os pobres, da sua riqueza.
Por essa razão devo descer às profundidades, como tu pela noite,
astro exuberante de riqueza quando transpôes o mar para levar a tua luz ao mundo inferior.
Eu devo descer, como tu, segundo dizem os homens a quem me quero dirigir."
"Zaratustra respondeu: "Amo os homens". "Pois por que - disse o santo - vim eu para a solidão? Não foi por amar demasiadamente os homens?
Agora amo a Deus; não amo os homens. O homem é, para mim, coisa sobremaneira incompleta. O amor pelo homem matar-me-ia
Não vás ao encontro dos homens! Fica no bosque! Prefere à deles a companhia dos
animais! Por que não queres ser como eu, urso entre os ursos, ave entre as aves?"
"E que faz o santo no bosque?", perguntou Zaratustra.
O santo respondeu: "Faço cânticos e canto-os, e quando faço cânticos rio, choro e murmuro. Assim louvo a Deus."
domingo, 28 de junho de 2009
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