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domingo, 28 de junho de 2009

*Sea of Tranquility

*postado originalmente em 31/08/07





Um homem de negócios americano, no ancoradouro de uma aldeia da costa mexicana, observou um pequeno barco de pesca que atracava naquele momento trazendo um único pescador. No barco, vários grandes atuns de barbatana amarela. O americano deu os parabéns ao pescador pela qualidade dos peixes e perguntou-lhe quanto tempo levara para os pescar.
- Pouco tempo, respondeu o mexicano.

Em seguida, o americano perguntou por que é que o pescador não permanecia no mar mais tempo, o que lhe teria permitido uma pesca mais abundante.
O mexicano respondeu que tinha o bastante para atender às necessidades imediatas da sua família.
O americano voltou a carga:
- Mas o que é que você faz com o resto do seu tempo?

O mexicano respondeu:
- Durmo até tarde, pesco um pouco, brinco com os meus filhos, tiro a siesta com a minha mulher, Maria, vou todas as noites à aldeia, bebo um pouco de vinho e toco viola com os meus amigos. Levo uma vida cheia e ocupada senhor.


O americano assumiu um ar de pouco caso e disse:
- Eu sou formado em administração em Harvard e poderia ajudá-lo. Você deveria passar mais tempo a pescar e, com o lucro, comprar um barco maior. Com a renda produzida pelo novo barco, poderia comprar vários outros. No fim, teria uma frota de barcos de pesca. Em vez de vender pescado a um intermediário, venderia directamente a uma indústria processadora e, no fim, poderia ter sua própria indústria. Poderia controlar o produto, o processamento e a distribuição. Precisaria de deixar esta pequena aldeia costeira de pescadores e mudar-se para a Cidade do México, em seguida, para Los Angeles e, finalmente, para Nova York, de onde dirigiria a sua empresa em expansão.

- Mas, senhor, quanto tempo isso levaria? - perguntou o pescador.
- Quinze ou vinte anos - respondeu o americano.
- E depois, senhor?
O americano riu e disse que essa seria a melhor parte.
- Quando chegar a ocasião certa, você poderá abrir o capital da sua empresa ao público e ficar muito rico. Ganharia milhões.

- Milhões, senhor? E depois?

- Depois - explicou o americano - você aposentar-se-ia. Mudar-se-ia para uma pequena aldeia costeira, onde dormiria até tarde, pescaria um pouco, brincaria com os netos, tiraria a siesta com a esposa, iria à aldeia todas as noites, onde poderia beber vinho e tocar violão com os amigos...

-Ah...




(...)

-livro do dia recomendado pelo titio:
Jean Jacques Russeau - “Discursos sobre a Origem das Desigualdades entre os Homens”

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