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domingo, 28 de junho de 2009

*The Myth

*postado originalmente em 22/03/08



Vi um filme ontem...
já tinha visto, não é tão novo (de 2005) mas da primeira vez que vi, sabe-se-lá-porque não tinha prestado tanta atenção a elementos que sempre me marcam e me tocam nesses filmes...

A história se passa na época da China imperial, onde a princesa Ok-Soo deve ser levada de sua terra natal, na Coréia do Sul até a China, onde ela se tornaria concubina do Imperador Qin. O lí­der do exército que a conduzia era Meng Yi (Jackie Chan).
No meio do caminho acontecem vários problemas, tentativas de raptar a princesa, lutas, etc... e cumprindo sua missão, o general consegue resgatá-la com sucesso, mesmo que para isso ele perca tudo, arriscando a vida e tudo mais.
Bom, normalmente o que aconteceria era que ele se apaixonaria por ela e vice-versa e etc, como em todo bom filme água com açúcar e eles seriam felizes para sempre.

Mas não ali, não na China imperial. De acordo com a cultura deles (que dá um banho na nossa, pelo menos pra mim) não importava o sentimento, o magnetismo e nem mesmo o amor, mas sim o que era certo. A princesa seria do imperador queira ou não e aceita isso como sendo parte de seu destino. Ou seja, ela submete sua vontade (de ficar com o general) pelo seu dever (alguém sentiu um leve princípio de Kant aí­?). E mesmo que o general queira estar junto da princesa mais que o ar que respira, ele também submete seu sonho, sua vontade ao seu dever, e ordena que ela volte a sua cidade, para reaver seu povo, pois eles precisavam dela. Uma princesa naquela época representa muito mais que uma adolescente mimada e de vida fácil que nem sabe o que se passa fora dos portões do castelo como hoje em dia, mas ela representava esperança, paz e equilíbrio para todas aquelas pessoas.

Embora o coração daquela jovem ardesse de amor pelo general, ela renuncia a isso, por amor àquelas pessoas, e por respeito ao pedido dele, pra que ela voltasse.
E aliado a essa atitude totalmente louvável ela promete que esperaria ele voltar, o esperaria todo o tempo que fosse preciso. Algo que acontece também no filme Memórias de uma Gueisha, onde a protagonista, aos sete anos de idade recebe o único gesto de carinho e afeto de sua vida, e guarda seu coração anos e anos a fio para aquele mesmo homem, mesmo sem tê-lo visto por todo esse tempo.

Eu me pergunto: qual a moral que esses filmes de cultura oriental nos dão, face aos que estamos acostumados (e cansados) de ver sem parar, como Um Amor pra Recordar, Diário de uma Paixão, Como se Fosse a Primeira Vez, O Amor Pode dar Certo, Antes que Termine o Dia, etc etc etc etc??

Nos filmes que estamos acostumados a ver, o que acontece é que temos uma mulher, sem nada especial, conhecem homens praticamente sobre-humanos, que são bonitos, charmosos, inteligentes, ricos, sinceros, fieis e tudoqueumamulherpodequererousonharnomundo, e por uma manobra mágica do destino o homem começa a virar o mundo de cabeça pra baixo pra encantar a mulher, com atitudes que geralmente beiram o ridículo... e o que elas fazem por eles? nada.
se apaixonam, apenas. A mensagem passada pras expectadoras chorosas é que os homens são seres que vivem apenas para agradá-las, presentea-las, ama-las incondicionalmente sem receber nada em troca... no máximo um sorriso e alguns beijos.

Ridí­culo, não? pois é o que acontece.

Agora no filme que vi ontem, a mulher não se apaixona por juras de amor, presentes inimagináveis ou qualidades de um super-homem... ela se apaixona por um servo, um homem que se limita apenas a cumprir seu dever. A um homem que faz a coisa certa e coloca isso acima de sua vida. Ele não era um músico famoso, não era um rei ou presidente, não era artista de cinema, não era um estilista famoso, um empresário bem sucedido nem o capitão do time de futebol americano da escola... era um subordinado, um operário, um servo... mas era um homem de princípio, um homem de fibra.

Como isso se chama? HONRA!

Uma mulher de atributos invejáveis (nobreza, educação, pureza, beleza, bondade) se maravilha com aquele homem que apenas fez o que tinha que fazer sem pensar em si mesmo. A alguém que renunciou, que serviu.

Não vemos isso muito hoje em dia não?
Pois então...
Valores mortos na sociedade atual são imprescindí­veis na cultura deles, embora hoje em dia até mesmo esta, passa por processo de extinção, como tudo de bom que parece ainda existir nesse mundo. Lastimável.

Mas a mensagem que eu queria passar é essa.
Pensem bem o que estão procurando. Não se envolvam ou se dêem ao luxo de se apaixonar sem antes saberem o que querem ou o que valorizam; sejam sinceras consigo mesmas. Decidam-se primeiro. E CUIDADO com o tipo de valor que decidam escolher pra admirar, pois isso definirá o futuro de vocês pro resto da vida.
Existem escolhas das quais não podemos voltar atrás.

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